MENOPAUSA
Viva feliz e de bem com o seu corpo nessa nova fase da vida
Dra. Jocelem Mastrodi Salgado
A menopausa é considerada um dos eventos mais perturbadores da vida da mulher, pois marca a linha divisória da fertilidade, além de ser cercado de muitas dúvidas e inseguranças. São anos muitas vezes difíceis de medo, culpa, auto-piedade, baixa auto estima e, principalmente, falta de informação ou informação inadequada que geram mais dúvidas e confusões.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que em 2030, cerca de 1,2 bilhões de mulheres terão mais de 50 anos, ou seja, três vezes mais do que em 1990. Dessa forma, o acesso às informações referentes à menopausa é de extrema importância, já que por causa do aumento da expectativa de vida, admite-se atualmente que a maioria das mulheres deverá viver um terço de suas vidas nesta fase.
Definindo climatério e menopausa
O climatério pode ser definido como o conjunto de alterações orgânicas e psicológicas provocadas pela diminuição gradual da produção dos hormônios femininos (estrogênio e progesterona) pelos ovários, o que causa o fim dos ciclos menstruais. É, portanto, um período de transição entre a fase reprodutiva e a não-reprodutiva.
O climatério está dividido em três fases: a primeira é a perimenopausa, caracterizada pelo surgimento progressivo de alguns sintomas como as ondas de calor. Essa fase surge por volta dos 45 anos, antes da parada definitiva da menstruação que geralmente já se apresenta irregular. A menopausa, a ausência de menstruação por um período de 12 meses consecutivos em função da perda da atividade ovariana, somente vai ocorrer por volta dos 50 anos. Depois da parada menstrual definitiva, ocorre o que chamamos de pós-menopausa, que seguirá pelo resto da vida da mulher.
As implicações com o fim da produção dos hormônios são muitas, pois eles exercem funções em quase todo o organismo da mulher. Em sua fase inicial, 75% das mulheres sofrem algum tipo de experiência relacionada à falta de estrogênio, como ondas de calor, incontinência urinária, ressecamento da pele e secura vaginal. Também são relatados frequentemente casos de irritabilidade, perda de concentração e da libido e depressão. Em cerca de 30% delas os sintomas são severos. A longo prazo, o déficit hormonal está relacionado ao aumento de doenças cardiovasculares, osteoporose e doenças cognitivas e demenciais, como o Mal de Alzheimer.
Terapias alternativas estão em evidência
Para superar os sintomas indesejáveis e o risco acentuado de certas doenças, é fundamental que todas as mulheres tenham consciência da importância da adoção de um estilo de vida equilibrado que envolve uma alimentação balanceada, exercícios físicos regulares, manutenção de um peso adequado e restrição do álcool e fumo. Todas essas medidas auxiliam no bem estar geral e dão tranquilidade, disposição e saúde para encarar mais 30, 40 anos de vida pela frente.
No entanto, além da adoção de um estilo de vida saudável, é importante que a mulher busque tratamentos para o controle dos sintomas, especialmente se ela se enquadrar no grupo cujos sintomas são acentuados.
O tratamento mais comum é a terapia hormonal (TH), que inclui diferentes combinações de hormônios em diferentes vias de administração e diferentes dosagens.
A TH apresenta aceitação multidisciplinar e avanços técnicos de relevância a cada ano no que diz respeito aos aspectos farmacológicos e clínicos, mas apesar dos benefícios, estudos estimam que somente 10% a 35% das mulheres na fase de pós-menopausa fazem uso desta terapia e metade daquelas que iniciam a TH interrompem o tratamento no período de um ano. As causas mais citadas são sangramento irregular, medo de câncer ou doença tromboembólica e ganho de peso.
A publicação do estudo Women Health’s Initiative (WHI - 2002) foi divisor de águas do curso de terapia hormonal, fazendo com que suscitassem pesquisas no campo da terapia hormonal tradicional e abrisse mais espaço para estudos sobre tratamentos alternativos para alívio dos sintomas do climatério. A pesquisa que avaliou mais de 16.000 mulheres menopausadas durante 5,2 anos mostrou um aumento significativo do risco de câncer de mama, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e tromboembolismo venoso. De outra parte, mostrou que ocorreu diminuição do risco de fraturas do quadril e de câncer colo-retal.
Após a publicação do estudo WHI muitos médicos passaram a reconsiderar o uso da TH para alívio dos sintomas vasomotores (ondas de calor, suores, fogachos). Um estudo realizado com ginecologistas no estado de São Paulo e publicado na revista Maturitas em 2007, mostrou que a prescrição de TH decresceu em 25,2% e que aproximadamente 46% dos ginecologistas começaram a prescrever isoflavonas, tranqüilizantes e outras alternativas naturais para os sintomas do climatério.
Diante desse quadro, a procura por tratamentos alternativos e não hormonais, tanto no Brasil quanto no mundo tornou-se cada vez mais crescente. Dentre as opções, a soja e suas isoflavonas tem sido uma das terapias alternativas mais procuradas e estudadas.
Estudo da Unicamp traz esperança para mulheres que não podem fazer TH
A pesquisa realizada com rigoroso critério científico pelo Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp – Campinas – foi finalizada este ano e comparou os efeitos da ingestão diária de um alimento à base de soja enriquecido com cálcio (Previna®) com o uso de terapia hormonal de baixa dosagem (Activelle®) e placebo sobre os sintomas da menopausa.
Foram triadas 1520 mulheres, das quais 60 foram selecionadas para participar do estudo. Os resultados mostraram que o grupo que consumiu diariamente o alimento à base de soja apresentou alívio dos sintomas como ondas de calor (redução de 65,4%) e problemas musculares e articulares (redução de 40%), além de uma melhora significante na secura vaginal. Os mesmos resultados ocorreram com o uso da TH, quando comparada com o uso de placebo. Os autores do estudo chegaram à conclusão de que o alimento avaliado pode ser uma boa opção para muitas mulheres que decidem não utilizar a TH para o controle dos sintomas relacionados à menopausa.
Os resultados do estudo foram apresentados em Madrid no 12th World Congress on the Menopause e no 19º Encontro Anual da Sociedade Norte Americana de Menopausa, que aconteceu em setembro de 2008 em Orlando, nos Estados Unidos. Para mais informações sobre o estudo e sobre a pesquisa com o alimento acesse www.estudosojamenopausa.com.br.
Fonte: Revista Trifatto