Escolas brasileiras deveriam banir refrigerante, diz especialista
Guerra aos refrigerantes: Escolas brasileiras deveriam seguir exemplo das americanas, afirma especialista.
Jocelem Salgado, presidente da SBAF (Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais), defende a substituição dos refrigerantes por alternativas saudáveis.
O recente anúncio de que nos EUA a Coca-Cola, a Pepsi-Cola e outros grandes fabricantes de refrigerantes chegaram a um acordo para interromper a venda do produto nas escolas americanas precisa ser imitado no Brasil, afirma a Dra. Jocelem Salgado, presidente da SBAF (Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais) e uma das mais renomadas especialistas do país em nutrição. "Na mesma semana em que nos Estados Unidos os fabricantes de forma espontânea decidiram agir, o governo brasileiro baixou uma portaria em que define as bases para a restrição ao consumo nas escolas de alimentos prejudiciais à saúde. Essa medida, no entanto, não tem caráter normativo. É do interesse de todos que nós, como sociedade, e isso inclui os fabricantes, ajudemos a transformar essa portaria em ações concretas", afirma a Dra. Jocelem.
De acordo com a Dra. Jocelem, que também é Professora Titular de Nutrição do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ-USP, a ingestão rotineira e em grandes quantidades de refrigerante pode trazer graves conseqüências para a saúde das pessoas, como a obesidade, cáries e a deficiência de minerais importantes. “A maior preocupação fica por conta das grandes quantidades de fósforo contidas principalmente nas bebidas à base de cola. O excesso de fósforo atrapalha a absorção de cálcio e pode prejudicar o desenvolvimento de ossos e dentes das crianças que consomem essas bebidas regularmente e em grandes quantidades”, afirma a Dra. Jocelem.
Além disso, conforme destaca a especialista, muitos refrigerantes contém cafeína, que em excesso pode prejudicar a absorção do cálcio, além de deixar as crianças agitadas demais. Uma criança de 27 quilos que bebe uma lata de refrigerante de 350 ml contendo 50 mg de cafeína está ingerindo uma quantidade equivalente à consumida por um homem de 80 quilos que toma quatro copos de café.
Em troca, tudo o que os refrigerantes oferecem são calorias inúteis, que não acrescentam nenhum nutriente ao organismo. “São as chamadas calorias vazias”, diz a Dra. Jocelem. A pesquisadora acrescenta que as pessoas não devem se deixar enganar por nomes de bebidas associadas a sabores de frutas. “Nesse caso é importante ficar de olho no rótulo, pois geralmente essas bebidas contêm menos de 10% de suco de frutas e trazem altas quantidades de açúcar e corantes”, afirma.
Ciente da atração que os refrigerantes exercem sobre as crianças, a Dra. Jocelem sugere aos pais que quiserem promover uma transição gradual para o consumo de bebidas nutritivas e naturais a receita de um refrigerante caseiro:
- 4 cenouras médias
- 1 copo de suco puro de limão
- 2 xícaras (chá) de açúcar
- casca de uma laranja (bem lavada)
- 3 litros de água com gás.
- bata os ingredientes com parte da água no liqüidificador. Acrescente depois o resto da água.
- se preferir, coe.
Responsável pela introdução no Brasil do conceito de alimentos funcionais (aqueles alimentos que, além de satisfazer os requerimentos nutricionais, proporcionam benefícios à saúde, incluindo a prevenção de doenças), a Dra. Jocelem Salgado é também autora de diversos livros que tratam, entre outros assuntos, de obesidade, menopausa e formas de retardar o envelhecimento — cujas edições já ultrapassaram a marca de 120 mil cópias vendidas.